terça-feira, 18 de dezembro de 2012

O homem e o trabalho - uma luta pela redução da jornada

 


No mundo capitalista o trabalho passou a ser sinônimo de tortura. Basta lembrar o início da revolução industrial, quando surgiram as fábricas. As famílias, agora vivendo nos burgos, nas pequenas cidades, já não tinham mais domínio sobre o seu conhecimento. Saiam do feudo, onde eram capazes de prover toda a sua existência e passavam a vender a sua força de trabalho. Assim, no começo do capitalismo, famílias inteiras iam trabalhar nas fábricas, até as crianças. Lá, a jornada de trabalho era de 16, 18 horas, um verdadeiro massacre.
Com o passar do tempo, os trabalhadores, que se viam morrendo como moscas por excesso de trabalho, começaram a luta pela redução da jornada. Foi preciso muita batalha e muita gente morreu nesse processo. O dia primeiro de maio, por exemplo, que marca o Dia do Trabalhador, é símbolo dessa luta. Foi num dia assim que milhares de trabalhadores foram às ruas, na cidade de Chicago, nos Estados Unidos, lutando por redução da jornada, de 13 para oito horas. Vários foram os mortos e dezenas os presos. É por conta dessas lutas que hoje os trabalhadores tem uma jornada de oito horas.
Mas, com o avanço da tecnologia, o número de horas necessárias para produzir as coisas baixou consideravelmente. Assim, os patrões, ao manterem as oito horas diárias acabam lucrando de maneira estratosférica, pois os trabalhadores acabam produzindo muito mais. Por isso que a luta mais importante dessa nossa era é pela redução da jornada outra vez. Já está mais do que comprovado que em 30 horas semanais os trabalhadores conseguem produzir o suficiente para pagar seu salário, além de também garantir o lucro do patrão. Ou seja, mesmo com a redução, o patrão ainda segue ganhando nas costas de quem trabalha.
É nesse contexto que os trabalhadores da UFSC se inserem e, desde os anos 80, quando nasceu o Movimento Alternativa Independente (MAI), a pauta das 30 horas já estava colocada no programa de lutas, porque essa é uma luta histórica. Mais tarde, nos anos 90, também em gestão do MAI,  essa questão foi retomada pelos trabalhadores do HU, especificamente os da enfermagem, que protagonizaram uma luta pelo direito de trabalhar apenas um turno, em função da tremenda carga de trabalho que tinham. Naqueles dias, o sindicato teve uma ação decisiva na discussão e na garantia do direito dos trabalhadores em fazer apenas 30 horas.
Em 2003, no início do governo Lula, em nove de setembro, justamente para tentar regularizar a situação dos HUs, é baixado um decreto-lei que abre a brecha legal para que todos os setores da universidade façam 30 horas. Diz o decreto que: "Quando os serviços exigirem atividades contínuas de regime de turnos ou escalas, em período igual ou superior a doze horas ininterruptas, em função de atendimento ao público ou trabalho no período noturno, é facultado ao dirigente máximo do órgão ou da entidade autorizar os servidores a cumprir jornada de trabalho de seis horas diárias e carga horária de trinta horas semanais".
O conteúdo da lei é claro. Se houver atendimento ininterrupto de 12 horas, façam-se turnos de seis horas. É o que fazemos todos na UFSC. A universidade está aberta das 7h30min até as 22h, logo, todos os setores estão habilitados a fazerem turnos de seis. Isso é bom para a comunidade que pode aproveitar os horários de meio-dia e à noite, e é bom para os trabalhadores que podem aproveitar mais a vida e produzir seu trabalho com qualidade.

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