O ano de 2012 representa um marco no processo de mobilização dos trabalhadores Técnico-Administrativos em Educação (TAEs) das Instituições Federais de Ensino (IFEs). Após o término de um acordo trienal firmado com o Governo Federal em 2007, que previa reajustes anuais nos vencimentos, e passado o ano de 2011, quando uma greve de mais de 100 dias não foi o suficiente para demover o Governo Dilma de sua postura intransigente, 2012 trouxe novo fôlego às reivindicações históricas dos TAEs. A categoria, organizada e movida por um espírito de unidade, percebeu que não era mais possível acreditar que as eternas reuniões com o Governo (mais de 50 reuniões) trouxessem alguma resposta que viesse ao encontro dos seus anseios. O resultado mais significativo da greve - que durou 70 dias, se traduz no fato de o governo ter sido obrigado a abrir mão de sua posição de não negociação e de ter proposto reajustes e alterações no Plano de Carreira dos Cargos Técnico-Administrativos em Educação, por meio de um novo acordo com vigência de três anos.
No que tange à atuação dos trabalhadores da Universidade Federal de Santa Catarina, mantivemos intacta a nossa coerência e compromisso histórico de luta: não nos furtamos a aderir à greve e colaboramos de forma significativa para o sucesso do movimento em âmbito nacional. Contudo, para além das demandas nacionais, um ponto que compõe a pauta interna e que adquiriu grande visibilidade a partir da greve é a reivindicação em torno da implantação da jornada de trabalho semanal de 30 horas aos TAES e o atendimento diário à comunidade durante 12 horas ininterruptas. De início se ocorreu, enquanto atividade de greve, a realização de um seminário que contou com a participação de representantes FASUBRA e de colegas de outras IFEs, onde já se encontra em vigor a jornada de trabalho flexibilizada. Após o seminário, se deu a construção do documento intitulado Proposta para Implantação da Jornada de 30 Horas Semanais aos Servidores Técnico-Administrativos em Educação da Universidade Federal de Santa Catarina, em que foram apresentados os benefícios que a mudança traria à comunidade universitária, a fundamentação legal que embasaria a alteração, bem como uma proposta de implantação da nova jornada de trabalho. Em seguida, a Assembleia Geral da categoria aprovou a constituição da Comissão de Negociação que passou a realizar tratativas junto à Reitoria, o que viabilizou a publicação da Portaria 1580/GR/2012, datada de 9 de Outubro. A Portaria institui o Grupo de Trabalho de Diagnóstico e Dimensionamento Prospectivo dos Servidores Técnico-Administrativos em Educação da Universidade Federal de Santa Catarina[2], formado por representantes dos TAEs e da Administração Central. O Grupo tem como principal objetivo a reorganização social do trabalho da UFSC, tendo as 30h como ferramenta para o atendimento isonômico dos usuários de toda a comunidade universitária, inclusive em igualdade de jornadas de trabalho[3]. O início das atividades do GT ocorreu no mês de Novembro e o término está previsto para Maio de 2013.
Ao traçarmos esse breve histórico, temos elementos para afirmar que está posta a possibilidade real de instituição da jornada semanal de 30 horas aos TAEs da UFSC e de nossa Universidade adotar um expediente de 12 horas diárias. No entanto, torna-se imprescindível estarmos cientes de que essa não é uma conquista líquida e certa: o Grupo de Trabalho recém-instituído, apesar de sua inegável importância estratégica, não poderá dar conta por si só de garantir a efetivação das nossas reivindicações. Para que o nosso tão acalentado sonho se torne uma bonita realidade é fundamental um trabalho contínuo de articulação e mobilização da categoria a ser desempenhado pelo nosso SINTUFSC e por cada um de nós. Devemos, acima de tudo, estar dispostos a abraçarmos essa bandeira, a trabalhar muito para atingir nosso objetivo: uma das atividades a serem realizadas é um trabalho sistemático de diálogo e sensibilização da Comunidade Universitária, demostrando que a pauta não é apenas nossa, já que sua efetivação trará benefícios a todos. As opções estão sob a mesa: podemos ficar esperando que alguém faça por nós (correndo o sério risco de não avançarmos) ou podemos agir de forma responsável e corajosa, sendo a prova viva de que quando tomam consciência de si os trabalhadores são capazes de inverter o aparente descaminho da história em que nos encontramos, saindo de um cenário de retrocessos para um novo alvorecer de conquistas de tudo aquilo que há muito tempo deveria ser nosso!
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